Sinopse:
Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem.
Minha Opinião:
A
Invenção das Asas foi uma leitura surpreendente e marcante, ao
iniciar a leitura não sabia que ele iria me tocar e encantar tanto
quanto encantou, perfeito é pouco para descrevê-lo, o melhor seria
descrevê-lo como choque de realidade que todos deveriam ter, seja
nos dias de hoje, seja antigamente.
“O barulho estava na sua lista de pecados dos escravos, que nós sabíamos de cor. Número um: roubar. Número dois: desobedecer. Número três: preguiça. Número quatro: barulho. Um escravo devia ser como o Espírito Santo: não se vê, não ouve, mas sempre esta por perto, a postos.”
O
livro narra à história das duas personagens principais desse livro,
Sarah Grimké e Hetty “Encrenca”, duas garotas com idade
aproximadas, mas que não poderiam viver realidades mais diferentes.
Sarah
é uma garota rica e sonhadora, mas que vive omissa por seus pais e a
sociedade, ela nunca entendeu o porquê dos escravos serem tratados
de forma tão desumana e imagina que um dia, poderá ser dona de suas
próprias opiniões e mudar sua vida e dos escravos que a cerca.
Já
Hetty é uma verdadeira “Encrenca” como é chamada, mesmo sendo
escrava, não consegue entender que deve “obediência” a seus
donos, então vive se metendo em encrencas, principalmente por
desrespeitar “sua” senhora.
O
caminho das duas começa a se entrelaçar quando Sarah faz 11 anos e
ganha de presente Hetty para ser sua escrava pessoal, inconformada
com essa situação, Sarah passa a lutar pela liberdade de Hetty e
todos os escravos a sua volta, mas sem ter voz ativa dentro da
família, ela começa a se calar e ver que não conseguirá mudar o
mundo, mas suas esperanças são renovadas quando nasce sua irmã
mais nova Nina, que compartilha de suas idéias e tem algo que ela
sempre quis ter, coragem, de enfrentar a tudo e todos e lutar pela
causa que acredita.
“... Permanecer em silêncio frente ao mal é, em si, uma das formas do mal.”
A
leitura desse livro foi emocionante, me peguei em diversas passagens
chorando e imaginando tudo que os escravos passaram e como é a
sensação de impunidade, de “pertencer” a alguém, não ter
vontade própria e ver sua vida passar tão depressa sem ter o
direito de escolher para que lado seguir, aonde ir ou o que fazer,
ser privado de opinião, escolha e liberdade.
Cada
uma das personagens principais me marcou de uma forma diferente,
Sarah por seus ideais e pelos sacrifícios que fez para conseguir
alcançar o que queria, Nina por ser valente, dona de suas opiniões
e saber levá-las adiante, seja diante de quem fosse e principalmente
Hetty, por crer que não pertencia a ninguém, que por mais que fosse
escrava, cabia a ela reger sua vida, mostrando força e perseverança
nos piores momentos possíveis, e quando digo piores, são momentos
cruéis que é difícil saber como um ser humano pode sobreviver a
tamanha monstruosidade humana e Hetty sobreviveu, sempre querendo
mostrar que era dona de si, não do seu corpo, mas de sua alma.
“Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente.”
Boa
parte do que é narrado nesse livro, é baseado em uma história
real, das irmãs Grimké que adorei conhecer mais ao final do livro,
quando a autora nos conta um pouco da vida real dessas duas irmãs
que contribuíram tanto pela liberdade dos escravos e das mulheres.
No final, me emocionei com o que a autora cita, e gostaria de
compartilhar com todos, pois é exatamente dessa forma que me senti
ao ler o livro, Sue Monk Kidd conseguiu me envolver em cada página e
me fazer refletir sobre cada gesto e pensamento que tenho.
“A história não são apenas fatos e eventos. A história também é a dor em nosso coração, e nós repetimos a história até que sejamos capazes de fazer nossa a dor no coração de outro”
A
edição desse livro esta impecável, a capa é linda, singela e tem
tudo haver com a história, os pássaros simbolizam a liberdade que
todos deveríamos ter e o título é simplesmente encantador, com uma
sutileza incrível e a narrativa da autora, esse
livro é sem palavras para descrevê-lo, pois encantador é pouco
para tudo que senti ao lê-lo.
Recomendo
essa leitura para todos, independente da idade ou gosto literário,
pois tenho certeza que assim como eu, você irá se deparar com uma
grande história, que poderia ser de qualquer um de nossos
ancestrais, que mereceu ser escrita e que merece com toda certeza,
ser lida.
Beijus
Renata Sara