Não conte a mamãe, é um livro de
memórias de Toni Maguire.
A frase que dá título ao livro de
Toni Maguire, Não conte para a mamãe, poderia ser uma pacto ingênuo entre dois
irmãos ou uma brincadeira entre crianças. Infelizmente, não é o caso. Na
verdade, é a ameaça sofrida pela autora durante os quase dez anos em que foi
violentada pelo próprio pai. Quando aconteceu pela primeira vez, a pequena e
inocente Antoniette tinha apenas seis anos. Apesar da tenra idade, tudo ficou
gravado em sua memória, o tempo nada dissipou: os detalhes, os sentimentos, a
dor. Foi a primeira de muitas, incontáveis vezes. Não conte para a mamãe, de
Toni Maguire, desvela a comovente história de uma infância idílica que
mascarava uma terrível verdade.
Eu estou em uma fase que só quero
ler livros “fortes”, com temas perturbadores. Desde o começo quis ler esse
livro, mas eu procuro não ler muito a sinopse de um livro, porque acho que
conta quase a metade do livro. Então comecei a ler e pensei que era um romance
e não uma história real, mas lendo o livro eu pensava “Como pode alguém que não
viveu isso, contar essas coisas?”, ou então “Como pode quem nunca sofreu isso
contar essas coisas assim?”. Eu acredito que até pode contar muitas coisas, mas
não com a mesma intensidade, não nos fazendo contorcer a barriga, fechar os
olhos e tentar espantar esses pensamentos. Toni nos deixa assim, um misto de
querer terminar o livro com um misto de terror nos olhos, de aflição, de pensar
que a pessoa terminou a vida no momento que as coisas acontecem pela primeira
vez.
"Ele forçou a língua pelos meus lábios. Senti a saliva
escorrer pelo meu queixo, e o cheiro de uísque rançoso e o bafo de cigarro
entraram pelas minhas narinas. Minha sensação de segurança abandonou-me para
sempre, substituída por repulsa e medo."
O livro é muito bom apesar de ser
de um tema tão forte assim, mas é contado de uma maneira que nos prende e você
só quer que acabe e que o final seja pelo menos satisfatório. A escrita é ótima e a autora nos prende do começo ao fim, mesmo sendo um drama, não senti vontade nenhuma de parar de ler, o que eu mais queria era ver uma cena feliz, um sorriso no rosto de Toni, mas foi tudo muito angustiante. Não achei que teve um final feliz, ou que a autora tenha tido na vida algum momento feliz, pois quem sofre essas coisas eu acho que de um modo a vida acaba, os sonhos, as nossas metas, o modo como fantasiamos o mundo, acho que ninguém realmente acredita que isso possa acontecer.
Quem gosta de história reais, deve ler esse livro, mas eu não recomendo para quem se impressiona fácil O livro nos deixa para baixo, como se perdêssemos algo e sabemos que nunca mais vamos achar.
Até mais pessoas e até a próxima!
Eunice Ely